Depois do fim do icônico Rosetta Stone em 1998, Porl King não desapareceu nas sombras ele simplesmente redirecionou sua energia criativa. Ainda no final dos anos 1990, ele deu início ao miserylab, projeto solo que, por muitos anos, foi mais uma entidade fantasmagórica do que uma banda tradicional. Inicialmente criado como um selo pessoal para remixes e produções (com clientes como o My Vitriol e os premiados Elbow), o miserylab logo assumiria vida própria.
O nome, originalmente grafado como misery:lab, carregava um duplo sentido tanto uma crítica séria à experimentação animal quanto um comentário autodepreciativo sobre o conteúdo melancólico de sua música. Após alguns esboços em 2000 que ficaram engavetados, King só passou a lançar material de fato em meados dos anos 2000, quando a produção de terceiros deixou de ser prioridade.
Em 2005, King ressuscitou o projeto via MySpace, plataforma essencial para músicos alternativos da época. Em 2007, soltou o Vaporware EP, disponível para download gratuito, com arte para impressão um gesto DIY que ecoava o espírito dos fanzines.
O primeiro álbum completo, Function Creep, saiu em abril de 2008 e marcou a transição para um som mais post-punk e centrado em guitarras. Apesar da preferência por lançamentos digitais, a demanda dos fãs por edições físicas resultou em uma tiragem limitada em CD. Pouco depois, veio uma versão estendida da faixa “Be There Tomorrow”.
O segundo disco, A Death That We Can Cure, foi lançado em 5 de novembro de 2008, propositalmente no aniversário da Conspiração da Pólvora, com referências políticas e sociais afiadas. A capa exibia um gráfico comparando mortes por terrorismo com as causadas pela fome. O título é tirado de uma das célebres bushisms (frases atrapalhadas do ex-presidente George W. Bush). Em 2009, saiu o terceiro álbum, Freedom Is Work, e, na sequência, uma coletânea na Rússia intitulada Lab Samples, reunindo faixas dos primeiros discos mais a soturna “No Cure For Life”.
O quarto álbum, From Which No Light Escapes, emergiu em fevereiro de 2011. Inicialmente com outra proposta lírica, foi retrabalhado por King para refletir os acontecimentos do turbulento 2010. Com resenhas favoráveis, a obra foi comparada a Joy Division e ao Killing Joke inicial. A revista Glass destacou o amadurecimento do som e a carga de crítica social presente nas letras.
Em maio, o single “Appeal to Fears” apareceu no SoundCloud, com vocais adicionais de Kathryn Woolley que também participou de “Gods Amongst Your Friends”, lançada pouco depois como faixa avulsa. Em julho, o potente manifesto “Children of the Poor” foi lançado com videoclipe e, semanas depois, os distúrbios civis tomaram as ruas da Inglaterra. A faixa foi até utilizada em uma campanha da loja Schuh, criando um contraste curioso entre crítica social e marketing comercial.
O quinto álbum, Void of Life, saiu em outubro de 2011 em edição limitada, acompanhado de um remix estendido de “Children of the Poor” e do vídeo de “People”. Com uma sonoridade mais lapidada, o disco rendeu elogios do site Brutal Resonance, que lhe deu nota 9/10 e comparou o impacto emocional da última faixa, “Last Day”, à intensidade de “The Top” do The Cure. O Dominion classificou o álbum como o segundo melhor do ano, atrás apenas do Esben and the Witch.No fim de 2011, mais duas faixas foram disponibilizadas: “five:one one” e “Fear for the Future”.
Em 2012, “Children of the Poor” e “People” ganharam lançamento em vinil sete polegadas, edição limitada a apenas 120 cópias, acompanhadas do EP digital Somewhere Between. No mesmo ano, saiu a compilação Documentary, unindo CD e vinil com faixas de Freedom Is Work em diante, via o selo francês D-monic.
Porém, 2012 também marcou o surgimento de outro projeto de King: o enigmático In Death It Ends, voltado ao ocultismo e à ambientação sombria. Seu primeiro lançamento, Forgotten Knowledge, saiu em fita cassete uma homenagem ao misticismo analógico dos anos 70. Com o crescimento desse novo projeto, o miserylab entrou em hiato.
Em 2019, Porl King resgatou diversas faixas do miserylab e as lançou como Seems Like Forever, sob o nome Rosetta Stone trazendo o passado de volta com nova roupagem. O Rosetta Stone, inclusive, voltou a lançar material inédito em 2020, selando de vez a ponte entre as várias fases de sua trajetória.
Discografia – miserylab (Álbuns de Estúdio)
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Function Creep – 2008
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A Death That We Can Cure – 2008
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Freedom Is Work – 2009
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From Which No Light Escapes – 2011
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Void of Life – 2011
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