Formada em 1981 na cidade de Wombwell, nas imediações de Barnsley, South Yorkshire, a Party Day foi uma dessas joias soterradas do pós-punk britânico que, apesar do reconhecimento limitado, deixou um legado sombrio e visceral.
Originalmente um quarteto formado pelos guitarristas Martin Steele e Greg Firth, o baixista Carl Firth e o baterista Mick Baker, o grupo surgiu das cinzas do projeto Further Experiments (ativo entre 1979 e 1981), adotando o nome definitivo e uma nova proposta sonora que os colocaria entre os segredos mais bem guardados da cena alternativa inglesa.
Com uma sonoridade descrita como "goth de punho fechado com tons de pós-punk", a Party Day lançou seu primeiro single de forma independente em 1983, através do selo próprio Party Day Records: "Row the Boat Ashore" / "Poison", que foi recebido com entusiasmo pela imprensa underground "um som encantador e delicado, de beleza singular", resumia uma crítica da época.
O segundo single, "The Spider", mergulhava mais fundo no caos melódico, sendo descrito como “um excelente uivo punk de sucata” e conquistando espaço no influente programa de John Peel na BBC Radio 1. A crítica antecipava: “esperamos continuar vendo o grupo arrancar as raízes da indústria musical desolada e insossa”.
Em 1985, a banda lançaria seu álbum de estreia, Glasshouse, uma obra intensa e coesa, considerada sua declaração mais poderosa: “o que eles fazem, fazem com ardor absoluto”. O disco consolidava o estilo característico do grupo composições melancólicas, sim, mas impregnadas de veneno punk.
O segundo álbum, Simplicity (1986), dava continuidade à estética emocional e crua do grupo, com faixas como Glorious Days, descrita de forma peculiar por um crítico: “a ovelha negra encantadora, ainda que ligeiramente exagerada... algo que poderia comover até os calções de Mario Lanza”.
Outra pérola da banda foi "Rabbit Pie", lançada na coletânea Giraffe in Flames do selo Aaz Records. A crítica da época foi enfática: “o destaque é o som encorpado e guiado por guitarras do Party Day... vale comprar a compilação só por essa faixa”.
Com uma base fiel de fãs no norte da Inglaterra, a Party Day era presença constante em palcos como o Leadmill em Sheffield e no circuito alternativo de Leeds. Seu impacto ao vivo também foi registrado na imprensa: o Sounds descrevia o grupo como “uma locomotiva movida por uma bateria implacável”, enquanto a NME resumia: “eles seguram suas guitarras como se fossem AK47s... eles vibram”.
Após o lançamento de Glasshouse, Martin Steele deixou a banda por motivos de saúde, o que levou a mudanças na formação. Embora novos integrantes tenham sido recrutados, o grupo encerrou as atividades em 1988, deixando um terceiro álbum inacabado pelo caminho.
Apesar do fim precoce, a aura da Party Day permaneceu viva nas entrelinhas do underground. A banda foi destacada no livro "Gothic Rock" de Mick Mercer, e sua música continua reverberando em clubes e rádios alternativas. A faixa Atoms, por exemplo, foi incluída na compilação Strobelight Records Vol. 3 (2006), mantendo aceso o interesse pela banda.
Em 2020, o som da Party Day voltou a aparecer em livestreams de DJs europeus no World Goth Day, como os sets de Benny Blanco e na Dark Wave Radio.Em 2021, celebrando 40 anos desde os primeiros ensaios em garagens de Wombwell, a Optic Nerve Recordings lançou Sorted!, uma antologia abrangente com todos os registros da banda, incluindo demos. Uma cápsula do tempo que comprova: o que parecia um passo da obscuridade rumo à consagração, hoje é um convite ao resgate de uma das bandas mais emocionantes do goth-punk britânico.
Discografia
Glasshouse (1985)
Simplicity (1986)
Sorted! (2021)
Singles
"Row The Boat Ashore" c/w "Poison" (1983)
"Spider" c/w "Flies" (1984)
Eps
Glasshouse EP (1985)
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